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sábado, 31 de março de 2012

SAKURA!

Sakura é o nome dado no Japão às cerejeiras em flor.  Hoje me tocou ver pela primeira vez uma sakura. Aqui bem perto do minshuku, na praia de Ikumi. No Japão existe um hábito muito antigo de contemplar a florada das cerejeiras. Existe uma palavra para esse ritual de contemplar a sakura: Hanami. A coisa é tão forte que todo ano, a Agência Meteorológica Japonesa e o público acompanham a sakura zensen (a frente de floração  das cerejeiras) conforme ela avança através do arquipélago, começando pelo sul, onde eu estou, e indo para o norte com a chegada da primavera. Eu ja vi no jornal da TV a mocinha do tempo falando da percentagem de floração de sakura. A sakua avança como uma onda, iniciando na região de Okinawa, mais ao sul de onde eu me encontro agora, e subindo até Hokkaido, bem no norte do país, onde deve chegar em maio. Os japoneses acompanham as previsões sobre a frente assiduamente e saem de casa em grandes números para ir a parques, santuários e templos com a família e com os amigos para festejar e apreciar as flores.  A maioria das escolas japonesas e dos prédios públicos tem cerejeiras nos seus jardins. A moeda de de 100 yens tem a imagem de uma sakura.  Há uma canção popular muito conhecida chamada "Sakura" (quem gostar pode escutar no youtube neste link:  http://m.youtube.com/watch?v=keF-KYKKYeI. )     A sakura é um amuleto de boa sorte e é também um emblema de amor, afeição e representa a primavera.  A variedade mais popular de sakura no Japão é a Somei Yoshino (Prunus yedoensis). As suas flores são de um branco quase puro, tingido com o mais pálido rosa, especialmente perto do caule. Elas florescem e caem dentro de geralmente uma semana, antes que voltem as folhas. Portanto, as árvores parecem quase todas brancas. Flores e folhas de cerejeira também são comestíveis e usados como ingredientes no Japão. As flores são curtidas em sal e em umezu e usado para trazer para fora o sabor de um wagashi ou anpan. Flores curtidas em sal imersas em água quente são chamadas sakurayu, que é bebido em eventos festivos como casamentos em vez do comum chá verde. As folhas, por causa de sua maciez, são também curtidas em água salgada e usadas para fazer sakuramochi. Ontem mesmo eu experimentei um doce que foi servido enrolado numa folha de sakura. Muito bom!! O Japão é uma das áreas menos geologicamente estáveis ​​do planeta e a possibilidade de um desastre repentino pode se concretizar a qualquer momento. Isso parece dar uma outra perspectiva de vida. Ela oferece às pessoas a consciência da transitoriedade das coisas. Tetsuya san, o senhor que encontrei na minha visita ao monte Koya san, ja me disse que a contemplação das sakuras resume a relação do povo japonês com a vida e a morte. As pessoas contemplam e admiram cada etapa do processo da sakura: desde o botão da flor, sua abertura e explosão de cores, até a queda das flores no chão em poucos dias, empurradas pelo vento. Aqui se vive assim. No meu segundo dia no Japão ja senti um terremoto. Desde que desci das montanhas para o mar vejo placas de àreas de escape em caso de tsunami. E se sente claramente que a qualquer momento um desastre pode acontecer. E talvez por isso mesmo é tão celebrada a florada da sakura. Ninguém sabe aqui se será possível admirar a sakura no próximo ano... E isso vale para qualquer lugar do mundo. Mesmo sem a ameaça de desastres tão próxima, a vida é transitória. 

Um comentário:

  1. Bom dia Ricardo

    Muito interessante a analogia da Presença da Morte a todo instante.
    Parece que ela está sendo aguardada por todos.
    Mas o interessante que a morte também é aguardada por qualquer um , como você mesmo disse, mas aí parece que a origem é outra.
    A nossa é mais relacionada com a Naturalidade da vida e aí parece ser relacionada com a Natureza de um terremoto ou tsunami.
    INTERESSANTE....
    Já tinha ouvido falar da representatividade da Flor de Cerejeira na comunidade japonesa, mas não com tantos detalhes como agora relatado por você.
    Boa semana e boas caminhadas na companhia das SAKURAS e deste povo que vive cada dia como se fosse o ultimo.
    HáBRAÇOS
    Silvio

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