tradutor
sábado, 24 de março de 2012
Jeitinho japonês
Konichiwa!
No Japão a gente ve muitas formas redondas, nas casas, nos jardins, nos templos, na escrita, tudo parece ter um jeito circular.
Até a peregrinação em Shikoku é um círculo que você precisa completar voltando ao ponto onde começou. Ou seja, no meu caso que comecei no templo 1, depois de chegar no templo 88, tenho que voltar ao templo 1, ponto de partida.
E algo me diz que a forma de pensar também é circular.
E assim, as coisas não são como parecem ser.
E isso faz com que eu me surprenda a cada dia.
Por exemplo, ao visitar um dos templos encontrei novamente um grupo de crianças de uma escola local recebendo os peregrinos com um presente, chá e docinhos servidos numa mesa.
Eu estava um pouco cansado nesse dia e me deu a maior vontade de sentar e tomar um chá com docinhos e depois fazer as orações.
Só que, com minha mente linear, achei que fazer isso seria uma falta de respeito e então agradeci às crianças e tentei explicar com gestos que ia fazer as orações e depois voltava para tomar o chá com docinhos.
Um outro o-henro, bem velhinho, que estava perto, deu uma risada e mesmo sem quase falar inglês, me chamou para tomar o chá com doces primeiro.
"Primeiro comer, depois rezar", disse ele dando risadas. "Kobo Daishi espera"
Eu ri muito com esse velhinho, que falava em japonês comigo como se eu entendesse tudo e de vez em quando dizia umas palavras em inglês.
Claro que segui a dica do velhinho!
Isso faz parte do jeitinho japonês.
Outro exemplo. Quando a gente visita cada templo, do lado da caixa prateada onde são deixados os pedidos antes de fazer as orações, tem uma caixa de madeira onde a gente joga moedas como doação para o templo.
Ja foram vários os o-henros que chegaram para me perguntar quanto eu estava jogando de doações. Na primeira vez em que isso aconteceu achei que eu estava fazendo besteira e que ia levar bronca. Que nada! Era tudo para me dizer para jogar pouco. "você não precisa jogar muito dinheiro, uma moeda de 1 yen está bom, você vem de longe e tem muitas despesas".
Falam isso na boa, rindo, sem nenhuma encanação.
Parece sempre que, desde que as coisas sejam feitas com respeito, o que vale é o bom senso.
Mas há que tomar cuidado porque tem coisas que não tem jeitinho. E se não seguir a regra, tem grandes chances de levar bronca mesmo. Por exemplo, tirar os sapatos antes de entrar numa casa, no quarto de um Hotel estilo japonês ou em qualquer recinto onde a regra seja tirar sapatos. Para isso não tem jeitinho. Tem que tirar, mesmo. Se não vai levar bronca.
arigatou gozaimazu!
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