tradutor
sábado, 31 de março de 2012
SAKURA!
Sakura é o nome dado no Japão às cerejeiras em flor.
Hoje me tocou ver pela primeira vez uma sakura. Aqui bem perto do minshuku, na praia de Ikumi.
No Japão existe um hábito muito antigo de contemplar a florada das cerejeiras. Existe uma palavra para esse ritual de contemplar a sakura: Hanami.
A coisa é tão forte que todo ano, a Agência Meteorológica Japonesa e o público acompanham a sakura zensen (a frente de floração das cerejeiras) conforme ela avança através do arquipélago, começando pelo sul, onde eu estou, e indo para o norte com a chegada da primavera. Eu ja vi no jornal da TV a mocinha do tempo falando da percentagem de floração de sakura. A sakua avança como uma onda, iniciando na região de Okinawa, mais ao sul de onde eu me encontro agora, e subindo até Hokkaido, bem no norte do país, onde deve chegar em maio. Os japoneses acompanham as previsões sobre a frente assiduamente e saem de casa em grandes números para ir a parques, santuários e templos com a família e com os amigos para festejar e apreciar as flores.
A maioria das escolas japonesas e dos prédios públicos tem cerejeiras nos seus jardins.
A moeda de de 100 yens tem a imagem de uma sakura.
Há uma canção popular muito conhecida chamada "Sakura" (quem gostar pode escutar no youtube neste link: http://m.youtube.com/watch?v=keF-KYKKYeI. )
A sakura é um amuleto de boa sorte e é também um emblema de amor, afeição e representa a primavera.
A variedade mais popular de sakura no Japão é a Somei Yoshino (Prunus yedoensis). As suas flores são de um branco quase puro, tingido com o mais pálido rosa, especialmente perto do caule. Elas florescem e caem dentro de geralmente uma semana, antes que voltem as folhas. Portanto, as árvores parecem quase todas brancas.
Flores e folhas de cerejeira também são comestíveis e usados como ingredientes no Japão. As flores são curtidas em sal e em umezu e usado para trazer para fora o sabor de um wagashi ou anpan. Flores curtidas em sal imersas em água quente são chamadas sakurayu, que é bebido em eventos festivos como casamentos em vez do comum chá verde. As folhas, por causa de sua maciez, são também curtidas em água salgada e usadas para fazer sakuramochi. Ontem mesmo eu experimentei um doce que foi servido enrolado numa folha de sakura. Muito bom!!
O Japão é uma das áreas menos geologicamente estáveis do planeta e a possibilidade de um desastre repentino pode se concretizar a qualquer momento. Isso parece dar uma outra perspectiva de vida. Ela oferece às pessoas a consciência da transitoriedade das coisas. Tetsuya san, o senhor que encontrei na minha visita ao monte Koya san, ja me disse que a contemplação das sakuras resume a relação do povo japonês com a vida e a morte. As pessoas contemplam e admiram cada etapa do processo da sakura: desde o botão da flor, sua abertura e explosão de cores, até a queda das flores no chão em poucos dias, empurradas pelo vento. Aqui se vive assim. No meu segundo dia no Japão ja senti um terremoto. Desde que desci das montanhas para o mar vejo placas de àreas de escape em caso de tsunami. E se sente claramente que a qualquer momento um desastre pode acontecer. E talvez por isso mesmo é tão celebrada a florada da sakura. Ninguém sabe aqui se será possível admirar a sakura no próximo ano... E isso vale para qualquer lugar do mundo. Mesmo sem a ameaça de desastres tão próxima, a vida é transitória.
Invitación inesperada para hacer una pausa
Konichiwa!
Ayer el día amaneció bajo una gran tempestad por aqui. Fuerte lluvia, rajadas fuertes de viento, frio. Nada convidativo para cargar la mochila y salir caminando casi 30 km hasta el próximo punto de parada. Y la previsión era de lluvias y vientos fuertes durante todo el día.
Fui a tomar el desayuno en el Ikumi minshuku y fue entonces que Ten Tadeshi, el dueño, que habla perfecto inglês, me dijo: si quieres quedarte otro dia, puedes quedarte y pagas la mitad del precio...
Era todo lo que precisaba escuchar y me quedé.
El minshuku (albergue) está en una pequeña playa que debe tener unas 20 casas y es un punto Ten Tedashi, eldueño, es un surfista de 53 años. De los primeros por aqui. Originalmente de Osaka, largó sus actividades por allá y se vino a cuidar de este minshuku junto con su novia Tomo. Ten es un personage...siempre de buen humor y dispuesto a ayudar en cualquier cosa. Y su minshuku recibe tanto o-henros como surfistas. Hoy,domingo, el dia amaneció muy lindo y fui a desayunar cuando Ten me hizo otra invitación. Me preguntó si queria pasar otra noche y que el no me cobraba nada. Ten y su novia iban a salir para pasear el domingo y me pidieron para recibir a dos huéspedes que llegarian más tarde. Y yo podria pasar otra noche aqui. Yo pensé: porque no? Estoy aceptando lo que venga y me pareció interesante ser "recepcionista" de un minshuku por un dia. Estoy tranquilo con el tiempo y mi rodilla izquierda va a agradecer un pequeño descanso. Entonces hoy tengo un domingo libre en Ikumi beach, donde puedo caminar un poco por aqui, leer, escribir un poco.y mañana seguir viaje rumbo al templo 24.
Matané!
sexta-feira, 30 de março de 2012
Segunda etapa, templos 24 a 39
Segunda etapa, templo Hotsumisakiji (24) hasta templo Enkôji (39)
Konichiwa
Ontem visitei o templo Yakuoji (23), marcando o final da primeira etapa.
Os primeiros 23 templos estão localizados na provincia deTokushima.
A segunda etapa, entre os templos 24 (onde ainda não cheguei), ocorre na provincia de Kochi.
Apesar de ter menos te molos para visitar nesta etapa, a distancia a ser recorrida é muuuuuuito maior do que na etapa da provincia de Tokushima.
Isso significa maior distancia entre os templos. Por exemplo, entre os templos 23 e 24 há quase 80 km de distancia, ou seja, de 3 a 4 dias andando, dependendo do seu ritmo.
Hoje andei uns 22 km e senti a falta das visitas aos templos, do encontro com pessoas. Para não perder o hábito, parei num pequeno altar (tem lugares assim por todo o caminho) e fiz umas orações. Os dias de caminhada sem visitas aos templos são bem solitarios. Como pouca gente faz o caminho a pé, quase não ve ninguem. Tem sido bom que o tempo ajudou e os últimos dias foram de sol e com boas temperaturas. E tenho andado à beira de uma carretera importante, a rota 55, por onde passam muitos carros e caminhões. Tem sempre uma faixa lateral para caminhar com segurança e, mesmo andando numa carretera, o contato com a natureza é muito grande. Tem que lembrar que estou numa área de Japão pouco habitada então passo geralmente por vilas bem pequenas. E estou andando à beira do oceano Pacífico, tendo à minha direita montanhas cheias de matas e à minha esquerda praias maravilhosas. E o clima aqui não é tão frio então a vegetação é subtropical. Para quem conhece, parece com o litoral norte de São Paulo. Só que mais preservado. Sem a exploração turística e imobiliária um tanto desenfreada dessa região.
Tenho ficado em minshukus muito aconchegantes. Alguns são muito simples. Por fora você olha e não da nada. Só que quando entra parece um ninho. Tudo muito simples e muito bem cuidado. Quarto quentinho com tatame e futon para dormir, jantar e cafe da manha maravilhosos, banho excelente e, o principal, o cuidado de uma família que sempre vai tentar te ajudar no que você precisar. Hoje estou à beira da praia de Ikumi, uma ponto muito procurado por surfistas. O dono do minshuku, Ten Taguchi, é uma figura. Ele é surfista, fala inglês muito bem e o local aqui serve de porto de descanso tanto para o-henros como para surfistas. Estou a quase 40 km do templo 24 e só devo chegar lá depois de amanhã.
Ah! Esta segunda etapa, dos templos 24 a 39, é chamada da etapa da disciplina e da austeridade. Vamos ver o que me espera.
Arigatou gozaimazu!
quinta-feira, 29 de março de 2012
Templo 23 e em frente...
Hoje visitei o templo 23 e senti que uma etapa foi cumprida.
Os templos 1 a 23 marcam a passagem pela provincia de Tokushima e, como comentei em outro post, esta primeira etapa é chamada da etapa do "despertar da fé".
O que eu sinto, depois destes primeiros 10 dias andando, é que algo despertou.
Não sei se tem algo a ver com fé.
O que sinto tem a ver com estar mais presente, mais desperto.
Com prestar atenção nos lugares onde passo, nas pessoas que eu encontro, nas conversas que eu tenho.
Tem horas em que me distraio e "durmo" um pouco. Deixo de estar presente no que estou fazendo. Ja me percebi em alguns momentos deixando de olhar e cumprimentar alguem, ou batendo o cajado numa ponte, por exemplo. Quando isso acontece logo me deu conta que bacilei e dormi.
E então digo "gomen nasai" (desculpas) e sigo em frente, com um pouco mais de atenção.
E esse estar mais desperto também me faz prestar atenção ao sentimento de gratidão pelo presente que a vida está me dando ao poder fazer esta viagem.
Aqui escuto muitas vezes por dia pessoas me dizendo "ki o tzukete", que quer dizer "cuide-se!". E essa mensagem sempre me ajuda a despertar um pouco mais e lembrar que preciso me cuidar paa dar conta.
Uma etapa concluida, otra etapa se inicia.
Gambaté kudassai!
Arigatou gozaimazu, Shikoku!
quarta-feira, 28 de março de 2012
En Yuki, cerca del templo 23
Konichiwa!
Hoy cumplo 9 días de caminada. Aproximadamente 180 km percorridos.
Mañana espero pasar en el templo 23 y después hay una larga jornada de casi 80 km hasta el templo 24.
Los últimos días fueron de sube y baja en las montañas de Shikoku. Tube suerte que me tocaron días muy lindos. Un poco de frío pero sin lluvia. Y cuando no llueve no hay problemas para caminar.
Después de visitar el templo 22 hoy por la mañana, comencé a bajar y llegué a Yuki, un pequeño pueblito en las orillas del Pacífico. Los próximos días la ruta sigue margeando el mar.
A cada día soy sorprendido por la generosidad y hospitalidad de este pueblo.
Es gente que te ve perdido y se ofrece para ayudarte, mismo sin que yo hable japonés ni que la otra persona hable inglés. No hay problema.
Siempre aparece alguien para ayudar.
Y a cada día recibo más o-setai.
Unos días atrás pasé en frente a un supermercado y una señora bien viejita estaba saliendo con su carrito de compras. Me vió y me saludó e inmediatamente metió la mano en sus compras y me dió una botella de jugo de naranja y me dijo un montón de cosas muy buenas que no entendí pero lo sentí. Hoy, en el templo 22, un señor me llamó y me dió un billete de 1.000 yens y nuevamente me dijo muchas cosas lindas. Hoy, al llegar a Yuki, no estaba encontrando el albergue y entonces Ôba san, otro o-henro, se desvió casi 1 km de su camino y me acompañó hasta la puerta de mi albergue.
En el albergue no hay acceso a internet y salí a dar una vuelta para ver si encontraba algún punto con WIFI gratis. Yuki es muy pequeño y no estaba encontrando nada, y tampoco estaba encontrando alguien que hablase ingles. Entonces pasé en frente de la oficina de Correos y intuí que allí encontraria ayuda. Los Correos aqui son algo digno de conocer. Hay una oficina en cada pueblo y es un orgullo de Japón. Entré entonces a la oficina del Correo de Yuki cuando eran casi 17:00, hora de cerrar. Yo era el único "cliente" en la oficina en ese momento. Los 7 empleados que alli estaban casi encerrando su día de trabajo no se incomodaron con a entrada de un ET y me recibieron sonriendo diciendo "Irashaimasé" (bienvenido). Pregunté si alguien hablaba ingles y un muchacho, llamado Niki, intentó hablar conmigo. Todo el mundo paró de hacer sus activdades para prestar atención al ET que había entrado. Le pregunté si conocia algún punto de acceso WIFI. Hizo una cara tipicamente japonesa que no creo conseguir explicar en palabras... Cerró los ojos, inclinó el cuello para el costado, apoyando la cabeza sobre el ombro, pensó, pensó, pensó. Y todo el mundo en el escritorio mirando fijamente a Niki. Cuando Niki salió de su roceso meitativo abrió los ojos y dijo: Interneto free!. Bueno...por lo mens me había entendido... Entonces comenzó una reunión de trabajo y todos los empleados comenzaron a hablar con Niki sobre mi pregunta. Y yo ahi tranquilo, esperando y confiando en que ellos iban a ayudarme. Después de algunos minutos de reunión el jefe de Niki se irigió a mi y dijo: "one momento, pris". Si, claro, yo espero tranquilo. El jefe de Niki tomó el telefono y hizo una llamada. Después habló con Niki y fue asi que supe que ellos averiguarin que en la estación de trenes de Yuki había WIFI gratis. Pero no terminó por ahi...El jefe del Correo le dijo a Niki para acompañarme hasta la estación, que quedaba a unos 500 m del Correo. Y asi conocí a Niki, fan de Messi y de Ayrton Senna, que casi a la hora de terminar su día de trabajo me llevó hasta la estación con muy buen humor y al llegar me ayudó a encontrar un papel donde estaba la cave para accesar la red (passwordo). Asi es Shikoku...
Arigatô gozaimazu!
segunda-feira, 26 de março de 2012
Todo cambia (musica de Mercedes Sosa)
Aqui vai a letra de uma música de Mercedes Sosa.
O link no youtube, para quem não conhecer a música, é o seguinte:
http://m.youtube.com/watch?v=zZH_-ozrypQ
Todo Cambia
Cambia lo superficial
Cambia también lo profundo
Cambia el modo de pensar
Cambia todo en este mundo
Cambia el clima con los años
Cambia el pastor su rebaño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño
Cambia el mas fino brillante
De mano en mano su brillo
Cambia el nido el pajarillo
Cambia el sentir un amante
Cambia el rumbo el caminante
Aúnque esto le cause daño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia el sol en su carrera
Cuando la noche subsiste
Cambia la planta y se viste
De verde en la primavera
Cambia el pelaje la fiera
Cambia el cabello el anciano
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño
Pero no cambia mi amor
Por mas lejo que me encuentre
Ni el recuerdo ni el dolor
De mi pueblo y de mi gente
Lo que cambió ayer
Tendrá que cambiar mañana
Así como cambio yo
En esta tierra lejana
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Cambia todo cambia
Pero no cambia mi amor...
Saudades dos meus filhos
Hoje andei bem introspectivo.
E a regra é aceitar tudo que vier em Shikoku.
E isso inclui sentimentos.
Aliás, tenho me dado conta de quanta energia eu consumo por negar e lutar contra meus sentimentos, por tentar escondê-los.
Quando posso, no lugar de lutar, aceitar e acolher. Mesmo num dia em que estou um pouco triste e introspectivo. E mesmo que não exista um motivo aparente para sentirme assim. Mas é assim que estou. E estou com muita saudades de meus filhos.
De Ailin, Luca e, principalmente, de Iris, uma grande companheira de viagens que adoraria estar aqui. Amo vocês tres, com amesma intensidade mas de maneiras diferentes, respeitando o jeito de cada um. Um beijo aos tres desde o outro lado do mundo...
Etapa entre os templos 1 a 23 (despertar da fé)
Andei pesquisando um pouco de informações sobre a peregrinação em Shikoku e achei que poderia ser útil compartilhar.
A peregrinação é dividida em 4 etapas e em cada uma tem um propósito.
A etapa inicial, do templo 1 a 23, é chamada de "Despertar da fé".
Ainda não terminei esta etapa, estou escrevendo desde um albergue localizado um pouco antes do templo 20.
Mas fiquei pensando nesse nome.
Acredito que esse significado deve mudar muito de o-henro para o-henro.
Muitos são budistas devotos e talvez sua fé ja esteja bem desperta.
Outros são budistas não praticantes, que envolvidos na rotina do dia a dia podem ter sua fé um pouco adormecida. Então esta etapa, com as orações em cada templo, as reflexões individuais, os pedidos e todos os rituais envolvidos, pode servir para ajudar a acordar essa fé adormecida. Uma fé que ja existia e faltava ser mexida para acordar.
Eu não me encaixo em nenhum desses perfis. Não conheço o budismo, nunca segui nenhuma religião. Venho de uma família católica e desde criança escolhi não tomar a comunhião porque vi nenhum sentido no que os padres ensinavam. E agradeço muito meus por ter respeitado minhas escolhas e não ter me forçado a nada. E além disso venho de uma região do planeta onde as religiões, com poucas exeções, parecem estarem mais ocupadas em provar que são donas da verdadeira verdade, cada uma sabe o verdadeiro caminho para o ceu. E os outros estão sempre errados. Em linhas gerais as 3 religiões principais do mundo ocidental (judaismo, cristianismo e islamismo) são assim. Tem grupos muito tolerantes e que sabem conviver em paz com quem escolheu outra fé. Mas a regra é a intolerancia. E religiões, na minha opinião, parecem mais servir para disseminar o ódio do que para conectar as pessoas. Essa percepção fez sempre manter-me afastado de qualquer instituição religiosa. Respeito todas as religiões desde que o respeito seja recíproco. E de vez enquando gosto de rezar. De conectarme com o sagrado. Mas faço isso do meu jeito.
Então...esta etapa, no meu caso, o que significa? Despertar de que fé? Fé em Kobo Daishi? No budismo? Fé em mim mesmo e em minha capacidade de completar a peregrinação? Fé para manter meu coração aberto e aprender algo novo em cada etapa, a cada dia, a cada encontro, a cada acontecimento, em cada visita aos templos?
Não sei. O que senti ao ler isto foi que me tocou mais a palavra "acordar". E que posso aproveitar esta etapa para manter-me acordado para as possibilidades que vão surgindo. As possibilidades de tentar fazer algo de maneira diferente, de aprender algo novo. E, no meu caso, sinto que a convivência com o povo da ilha de Shikoku está fazendo acordar minha fé na gentileza, na generosidade, no respeito e no bom senso.
Hospedagem em casa de família (minshuku)
Uma das alternativas para passar a noite em Shikoku são os chamados "minshukus".
São casas japonesas, de famílias que tem quartos para hospedar o-henros.
Até agora eu tinha ficado em albergues nos templos ou em hoteis bem econômicos. E ja tinha lido e escutado falar sobre os minshukus. Hoje cheguei no templo 19 (Tatsueji), que tem hospedagem, só que não tinha mais vagas. Me encaminharam enão para um "minshuku" perto do templo, a mens de 1 km. Apesar de estar perto e de ter recebido um mapa bastante claro, foi dureza achar o local. Fui seguindo o mapa só que tratava-se de uma casa normal, numa pequena vila do interior, sem nenhuma placa escrita em nosso alfabeto. Eu simplesmente passei na frente e não vi. Depois descobri que havia uma pequena placa escrita em kanji (letras japonesas) com o nome do local. Sorte que um senhor que passou de carro e me viu perdido, mesmo sem falar nada de inglês mencionou a palavra "minshuku" e eu disse quase gritando "HAI!" (sim!). O cara então me deu carona e me deixou na porta do minshuku. Arigatou gozaimazu! O nome do minshuku é Funa-no-sato, que acredito seja o nome da família dona do albergue. Entrar num minshuku significa entrar numa típica casa de família japonesa bem tradicional. Fui recebido pelo dono, Hiroichi ojisan (tio Hiroishi, é assim que são chamados os donos de minchukus), que não fala uma palavra de inglês e com gestos foi me orientando para deixar o cajado no lugar certo, tirar os sapatos, e aí começou a falar um monte de coisas e eu não entendia nada. Um o-henro que estava hospedado e falava bem inglês foi o tradutor e foi assim que soube que Hiroichi ojisan estava explicando-me que eu podia deixar a mochila no quarto, tomar banho e depois iam servir a janta. E que também podia lavar e secar a roupa. Segui as orientações e depois de um maravilhoso banho fui na sala de jantar onde conheci a esposa de Hiroichi, Hiroko obasan (tia Hiroko), uma senhora cheia de vida que estava conversando com os o-henros enquanto asava shitake na brasa (bom demais!). As mesas nas casas japonesas são bem baixinhas e a gente come sentado. Nos minshukus servem jantar e cafe da manhã. Com comida tipicamente japonesa. MUITO BOM! Comi tudo, repeti, recebi elogios por dominar o uso dos palitos (hachi) e me diverti um bocado, com direto a assistir na TV junto com toda a turma à final do campeonato nacional de Sumô, que aqui no Japão seria como assistir à final da copa do mundo. Pela manhã, um delicioso café da manhã tipicamente japonês, bem reforçado e saudàvel, e ainda Hiroko obasan me deu um obentô (lanche) para passar o dia. Tudo é simples num minshuku. E muito bom. Uma casa de família. E depois dessa primeira experiência num minshuku só resta sugerir a quem possa um dia vir a visitar o Japão para passar no mínimo uma noite num minshuku.
Arigatou gozaimazu!
sábado, 24 de março de 2012
Heart sutra
Mando aqui o link no youtube de do heart sutra, muito comum de se escutar nos templos visitados durante o caminho de Shikoku.
Http://m.youtube.com/watch?v=Ccy708RQ1DA
Matané!
Hipoglós, nunca esqueça...
Konichiwa!
Nunca esqueça de trazer se vier fazer o caminho de Shikoku!
Se no final de um dia de muito caminhar sua bunda ficou assada, tenho certeza que você não vai querer passar pela experiência de tentar explicar em japonês o que está acontecendo com você e pedir ajuda para curar sua bundinha.
Por isso não esqueça de incluir Hipoglós na sua bagagem, a melhor invenção do ser humano depois da roda e da máquina de lavar roupas.
Obs.: eu trouxe o meu.
Matané!
Jeitinho japonês
Konichiwa!
No Japão a gente ve muitas formas redondas, nas casas, nos jardins, nos templos, na escrita, tudo parece ter um jeito circular.
Até a peregrinação em Shikoku é um círculo que você precisa completar voltando ao ponto onde começou. Ou seja, no meu caso que comecei no templo 1, depois de chegar no templo 88, tenho que voltar ao templo 1, ponto de partida.
E algo me diz que a forma de pensar também é circular.
E assim, as coisas não são como parecem ser.
E isso faz com que eu me surprenda a cada dia.
Por exemplo, ao visitar um dos templos encontrei novamente um grupo de crianças de uma escola local recebendo os peregrinos com um presente, chá e docinhos servidos numa mesa.
Eu estava um pouco cansado nesse dia e me deu a maior vontade de sentar e tomar um chá com docinhos e depois fazer as orações.
Só que, com minha mente linear, achei que fazer isso seria uma falta de respeito e então agradeci às crianças e tentei explicar com gestos que ia fazer as orações e depois voltava para tomar o chá com docinhos.
Um outro o-henro, bem velhinho, que estava perto, deu uma risada e mesmo sem quase falar inglês, me chamou para tomar o chá com doces primeiro.
"Primeiro comer, depois rezar", disse ele dando risadas. "Kobo Daishi espera"
Eu ri muito com esse velhinho, que falava em japonês comigo como se eu entendesse tudo e de vez em quando dizia umas palavras em inglês.
Claro que segui a dica do velhinho!
Isso faz parte do jeitinho japonês.
Outro exemplo. Quando a gente visita cada templo, do lado da caixa prateada onde são deixados os pedidos antes de fazer as orações, tem uma caixa de madeira onde a gente joga moedas como doação para o templo.
Ja foram vários os o-henros que chegaram para me perguntar quanto eu estava jogando de doações. Na primeira vez em que isso aconteceu achei que eu estava fazendo besteira e que ia levar bronca. Que nada! Era tudo para me dizer para jogar pouco. "você não precisa jogar muito dinheiro, uma moeda de 1 yen está bom, você vem de longe e tem muitas despesas".
Falam isso na boa, rindo, sem nenhuma encanação.
Parece sempre que, desde que as coisas sejam feitas com respeito, o que vale é o bom senso.
Mas há que tomar cuidado porque tem coisas que não tem jeitinho. E se não seguir a regra, tem grandes chances de levar bronca mesmo. Por exemplo, tirar os sapatos antes de entrar numa casa, no quarto de um Hotel estilo japonês ou em qualquer recinto onde a regra seja tirar sapatos. Para isso não tem jeitinho. Tem que tirar, mesmo. Se não vai levar bronca.
arigatou gozaimazu!
Quinto dia, 17 templos visitados, quase 100 km
Konichiwa!
Primeiro peço desculpas porque apareceram dois posts publicados com o mesmo texto e diferentes títulos. Não sei como isso aconteceu e também não consegui apagar um dos dois textos repetidos. Paciência.
Depois de dois dias iniciais bastante tranquilos com tempo bom e terreno plano, no terceiro dia começou a pirambeira das montanhas de Shikoku. E tambem um pouco de chuva.
Eu sinto que estes primeiros cinco dias serviram para começar a conectarme com o caminho. Possodizer agora que não tem nenhum problema com a lingua, graças à hospitalidade do povo japonês. E também um receio que eu tinha em relação à sinalização sumiu completamente: o caminho está muito bem sinalizado: setas vermelhas, pedras, placas.
Também ficou claro que o número de templos quepodem ser visitados vai variar muito entre um dia eoutro. Aqui tem dias em que visita varios templos que estão bem perto um do outro e tem dias em que da para visitar somente um. E ja olhei no mapa e mais para frente tem trechos nos quais tem 3 ou 4 dias de caminhada entre um templo e outro.
Destes últimos posso lembrar da visita ao templo 12, no alto de uma montanha.
A caminhada foi dura mas valeu a pena.
Um lugar lindo!
Pernoitei no templo, que tem quartos bem simples, estilo bem japonês.
Estava muito frio quando cheguei e fui recebido por uma japonesa bem velhinha, uma vovozinha bem simpática e sorridente, que me mostrou o quarto bem quentinho e depois me chamou para avisar que tinha preparado um banho quente numa banheira... Muito bom! E depois um jantarzinho japonês nota 10.
No templo 13 também instalações bem simples, recepção acolhedora e pela manhã, às 6:00, me chamaram para participar de uma cerimonia budista muito linda.
Participei de uma cerimonia no templo 6 e outra no templo 13. Ambas muito simoles e Bem diferentes uma da outra. Mas há algo em comum que me chamou a atenção: o fato de eu não ser budista não é nenhum problema. Me convidaram, foram explicando os rituais, e, algo que não vou conseguir transmitir em palavras, um clima leve e de paz.
Também nestes primeiros cinco dias comecei a sentir como é bom isitar os templos, parar, fazer as orações, conversar com as pessoas. Faz parte desta peregrinação. Não se trata somente de andar uns 1.200 km e colecionar 88 selos num caderno. Cada parada nos templos é um momento único. Tem templos bem simples, outros maiores. Tem lugares em que você chega e faz as preces sozinho. Tem outros em que encontra com grupos, ond e tem um clima de celebração. Tem grupos que entoam mantras juntos, e nesses casos eu tenho ficado junto e sentido uma energia muito boa. E não há rigidez. Eu vou aprendendo a cada dia um pouco ais sobre os procedimentos, tem vezes que erro algum detalhe. Mas tudo bem. Isso não é um grande problema. O que importa é fazer as coisas de coração. Tem sido muito bom para mim o momento em que sento em algum lugar do templo e escrevo os pedidos, tanto os meus como os que tem enviado para mim. E podem continuar enviando, que eu passo o recado para Kobo Daishi. As paradas ns templos fazem com que o dia passe leve. E eu, que não tenho o hábito de orar, estou gostando. Por falar nos templos, vou tentar descrever num mapa e com fotos o que é um templo. A primeira coisa a dizer é que o que é chamado de "templo" é como se fosse um parque, um grande jardim. Não é um lugar fechado. Cada templo é diferente do outro mas todos tem basicamente alguns elementos em comum: um portal com dois guardas, uma pequena fonte de água onde a gente lava as mãos para purificar, uma casa principal que é a morada de alguma dos deuses que tem a ver com a historia de cada templo, a casa de Kobo Daishi e o escritório onde é colocado o selo. Em frente a cada uma das casas também tem um lugar ara colocar as velas, os incenzos, a caixa prateada para os pedidos e uma caixa para as doações. E todo o ritual das orações é feito ao ar livre, sempre do lado de fora das duas casas. Fora esses elementos básicos em alguns templos tem lagos com carpas, lojinhas com venda de souvenirs, outras construções, alguns tem alojamentos.
Ainda não sei quase nada de budismo mas o que posso dizer é que, diferente das religiões qe eu conhecia, me parece muito aberta e tolerante. E simples de seguir, baseada no bom senso. E ja vi muitos templos budistas e xintoístas um do lado do outro ou mesmo os dois dentro da mesma área. E parece que por aqui essa convivênca é mesmo muito pacífica e muita gente segue as duas religiões na boa.
Vou tentar pesquisar um pouco mais sobre o budismo shingon, que é a corrente Kobo Daishi , e postar algo por aqui.
E, se alguém que estea lendo este blog quiser me perguntar algo sobre o Japão, Shikoku, budismo, fique a vontade. Não sei se vou conseguir responder mas vou tentar.
Arigatou gozaimazu!
sexta-feira, 23 de março de 2012
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