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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Uma noite no Drive in 27

Depois de um dia de tempestade onde parecia que ia acabar o mundo por aqui, o sol saiu e tivemos um excelente dia para caminhar. Sol, um pouco de friozinho e quase 28 km pela frente beirando a ruta 55, sempre com o Oceano Pacífico à esquerda e as montanhas cobertas de mata à direita.  Houve uma mudança de direção ao virar o cabo Muroto Misaki. Eu estava andando nos últimos dias em direção sudoeste e depois de virar o cabo comecei a andar em direção noroeste. Isso significa que antes eu via o amanhecer no mar e nos próximos dias será possível ver o por do sol no Pacífico. O dia de ontem deixou meio tonto até o mais experiente dos o-henros. Foi muito vento e muita chuva. E eu comecei a caminhada ainda me acostumando ao dia ensolarado e meio desconfiado se isso não seria passageiro e não viria outra porrada como a de ontem. Tudo indicava que o dia seria muito bom. Fui passando por varias vilas de pescadores e ao chegar a Kiragawa decidi dar uma paradinha e tomar um cafe. Sentei num banco na ruazinha que passa no centro da vila e senti cheiro de pão fresquinho, coisa rara por aqui onde não se tem muito costume de comer pão. Olhei e na minha frente tinha uma lojinha bem pequeninha onde estava sendo feito o pão. Não da para dizer que era uma padaria... Era uma lojinha mesmo, bem velhinha e dentro tinha umas mesas onde uma senhora amassava o pão e uns fornos no fundo. Muito pequeno, bem caseiro mesmo e bem velho. E o cheiro estava bom demais. Além da senhora tinha uma moça trabalhando e me aproximei e perguntei se vendiam um pãozinho para mim. A velhinha olhou e começou a dar risada e foi logo dizendo: "o-henro san gaijin!". Algo como "senhor peregrino gringo!". E me recebi então meu primeiro o-setai. Me deram um pãozinho quentinho fresquinho com recheio de geleia de morango e mais dois pães doces para levar. E minha visita virou uma festa. A senhora chamou os netos e tiramos fotos e demos algumas risadas. Observação: tudo isso aconteceu sem termos conseguido trocar duas palavras na nossa conversa ja que ninguém falava nem meia palavra de inglês e eu só precisei falar "ohayiou" (bom dia) e "arigatou gozaimazu" (muito obrigado).  Continuei a caminhada com o corpo e alma alimentados. Foi uma longa pernada hoje. Vi só um o-henro durante o dia, que estava parado numa praça comendo algo e cumprimentei-o. E outros poucos de bicicleta. Quando cheguei na vila de Yasuda, onde tinha feito uma reserva no minshuku Drive in 27, bem perto do templo 27, parei para perguntar a um senhor que estava cuidando do seu jardim se sabia onde ficava o lugar que eu estava procurando. Ele então entrou na sua casa e chamou a filha e mandou ela pegar o carro e me levar até o minshuku. Arigatou gozaimazu!  Cheguei bem cansado e fui recebido por Sadaki Komatsu, a dona do minshuku. Uma velhinha encantadora. Me recebeu com um sorriso, me fez sinais para tirar a mochila e sentar, trouxe chá com bolachinhas e começou a falar japonês comigo. E eu só olhando para ela...  Eu estava um pouquinho preocupado com fazer reserva para as próximas noites e não sabia como falar isso com dona Sadaki. Foi então que chegaram os o-henros Kazutaka Kuroichi e Akira Kamata para me salvar. A dupla fez uma pesquisa euxastiva para achar um local p dormir a preço bom para amanhã e depois de amanhã. Aqui tem que tomar cuidado com o planejamento para dormir porque tem lugares com muito poucas alternativas e existem chances de chegar e não encontrar nada. E sempre preciso de ajuda para fazer as reservas. Se eu tento ligar  e dizer as frases básicas que tenho em um livrinho, tipo "eu gostaria de fazer uma reserva, por favor", o problema é que do outro lado do telefone a pessoa que atender, que tem 97,85% de chances de não falar quase nada de inglês, vai começar a falar em japonês e aí estou ferrado. Pessoalmente a gente se virá com gestos, escrevendo algo, tentando umas palavras de japonês, um pouco de inglês, é possível se comunicar. Mas no telefone...impossível. Então eu tento achar algum o-henro que me ajude e ligue para fazer a reserva para mim. A noite o jantar foi uma delicia (oishii) e demos muitas risadas com dona Sadaki, que ficou falando o tempo todo como se eu fosse fluente em japonês.

2 comentários:

  1. Fantástico seu dia!! Mil moedaas pelo pãoziho doce com geléia e um sorriso.... beijos gi

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  2. Olá meu Irmã Ricardo, esse texto me traz boas lembranças..
    AOS GERMINANDOS E GERMINANDAs DO BRASIL
    10 de fevereiro de 2008
    Olá Germinandos e Germinandas,
    O Ceará está em festa, pois depois de mais de um ano de gestação finalmente ontem realizamos o pre-módulo do Germinar 2008, para isso contamos com o apoio de alguns amigos e instituições que viabilizaram a vinda da "Parteira" Macione Pessoa aqui para a terra da luz, e no final do dia nasceram 30 caçulas do programa Germinar, estamos felizes, assim sendo queremos manifestar nossa gratidão ao nosso semeador que, em 2003 preparou o solo do sertão do Ceará com adubo orgânico e, com um carinho todo especial, semeou e regou a semente fértil do Germinar. portanto é com esse sentimento que compartilhamos com todos e todas nosso amor fraterno ao querido RICARDO Javier, que em breve possa ele, encontra o caminha do meio amparado pelas energias que nos protege dos 12 dragões que interferem nas iniciativas sociais.
    Um forte abraço e muita PAZ !!!!

    Marcos Freitas - Cabra da "peste" aqui do Ceará.

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