tradutor

domingo, 15 de abril de 2012

Encontros diferentes (escrito no 7 de abril)

No dia 6 de abril sai do pequeno hotel onde estava hospedado em Aki e durante a parte da manhã andei num dos trechos mais bonitos nos quais me tocou andar até agora. A trilha segue por varios kilometros numa ciclovia que fica entre a carretera 55 e o oceano pacifico, bem afastada da carretera, com o qual não se escuta o barulho de carros, andando entre bosques de pinheiros e com praias quase desertas. Um dia de sol de primavera, terreno plano, boa temperatura, abaixo dos 18 graus. dia e local ideal para andar. Passei lor um simpático refugio para  o- henros com varias mesinhas, chá quentinho, frutas e  bolachas servidas para quem por lá passasse. Detalhe:  No local não havia ninguem quando eu passei mas tudo estava em ordem, alguém cuida com muito carinho. Imagino como deve ter sido esse lugar para os o- henros que por lá passaram no dia da última tempestade...um oasis. Bem perto desse refúgio conheci um Zenkonyado, que é um lugar adaptado para algum o-henro que precisar poder passar a noite de graça. O zenkonyado que eu vi é um pequeno conteiner dentro do qual tem 3 camas e uma pequena cozinha. Com colchões e cobertores e tudo limpinho e arrumado. Na parte da tarde a paisagem mudou e comecei a atravessar cidades de porte médio. Eu estava me aproximando de Kochi, uma das quatro cidades grandes que tem na ilha de Shikoku. Parei numa loja de conveniencias para tirar uma dúvida em relação ao mapa e logo depois de mim entrou um outro estrangeiro. Algo muito raro por aqui. E não era o-henro. Como ninguém me entendia na loja, pedi ajuda a esse "gaijin" (gringo), e assim conheci Dean, um californiano de uns 40 anos que vive há 3 anos em Shikoku. Ele casou com uma japonesa e veio morar aqui. E nem pensa em voltar para USA. Ele acabou caminhando comigo por um par de horas ja que eu ia na direção da casa dele. Foi bom encontrar alguem para falar um pouco. Confirmou tudo o que eu tenho observado e sentido sobre a generosidade e hospitalidade do povo japonês. Contou que um dia foi no banco para fazer um depósito de 3.000 dolares e perdeu o envelope com o dinheiro na rua. Ficou muito chateado, lógico.  Só que alguem encontrou o envelope, devolveu na policia e a policia levou o envelope pessoalmente na sua casa... Ele disse que em Los Angeles, onde ele morava, isso seria impossível de acontecer. Nem falei nada sobre como seria em São Paulo ou Buenos Aires... Enquanto andava com Dean aconteceu algo estranho. Um casal de japoneses nos abordou para falar. Como eu não falo nada, ele começou a falar com o casal. No inicio Dean pensou que o casal me conhecia porque os dois se dirigiam a mim, por algum motivo que nem eu nem Dean estavamos entendendo, os caras queriam falar comigo. Eu disse a Dean que nunca tinha visto esses caras. E eram duas figuras estranhas. Foi então que percebemos que eram de alguma seita religiosa meio fanática e, como eu tinha roupa de o-henro, estavam tentando me convencer a largar a caminhada, dizendo que o budismo é ruim e sei lá o que mais. Falei para Dean: "vamos embora , cara". E deixamos os caras falando sozinhos. Acho que eles devem ficar o dia inteiro abordando o-henros. Coisas de Shikoku... 

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